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Contemporary Lusophone World

Class at Faculty of Arts |
APG100022

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Resumo Uma viagem no tempo e no espaço através das culturas lusófonas, em que a descoberta das suas variadas expressões segue a par de uma reflexão sobre as ideias de cultura e de lusofonia. Apresentam-se instrumentos de navegação que permitam aos participantes o estudo dos fenómenos culturais e exploram-se as possibilidades de uma antropologia da língua portuguesa. Avaliação A avaliação terá duas componentes: Avaliação contínua – durante a semana, os estudantes terão de preparar algumas informações para serem partilhadas na aula seguinte Avaliação final – os estudantes terão de produzir um pequeno trabalho escrito sobre os temas em debate durante o semestre Programa O programa será dividido em 7 módulos, cada qual inspirado por uma pergunta:

1. O que são as culturas lusófonas? Como introdução ao curso, iniciaremos uma conversa sobre a ideia de cultura. O que significa falar da cultura portuguesa, brasileira ou lusófona? Procurando referências comuns aos participantes, regressaremos ao tempo dos contos de fadas. Falaremos sobre o Reino de Portugal e dos Algarve, sobre o Reino da Boémia e o seu Sagrado Império, numa época em que e a identidade nacional era ainda um evento esporádico, ao sabor de histórias de amor e sofrimento. A palavra cultura pouco tinha a ver com um país ou uma nação. As expressões culturais em português seriam tão variadas como os crioulos e dialetos falados no seu canto da península. Como exemplos dessa diversidade ancestral, as celebrações populares hoje em Portugal e os modos de falar à portuguesa. Comparação com a atual República Checa, os seus costumes e diversidades.

2. Como apareceu a cultura? Depois do tempo dos contos de fadas, conversaremos sobre a época das luzes, da renovação da educação, das leis e da ciência. Sobre como a ideia de “cultura da nação” nasceu em terras européias e ganhou suas formas. Falaremos das reformas de Maria Teresa e José II num império e do Marquês de Pombal no outro. Seguiremos para o caso dos checos e do seu renascimento cultural e linguístico, comparado com a construção do Brasil independente e o desenvolvimento da antropologia em Portugal. Aqui, realçam-se as intimidades entre a lei e a língua, a ideia de cultura e a noção de raça, que nunca andando sozinhas, cresceram juntas e fizeram sempre parte de grandes movimentos.

3. Como localizar as culturas lusófonas? Os mapas desenharam os países, mas a cultura dificilmente se deixa apanhar em cores e linhas bem definidas. Compararemos a nossa noção de espaço com a de povos indígenas brasileiros e populações africanas, para pensar a relatividade das fronteiras. Outros exemplos da fluidez entre identidades: a relação entre o Estado Novo português e o luso-tropicalismo brasileiro, o desenvolvimento do carnaval e das religiões em terras brasileiras, as bruxas católicas em Portugal. Debateremos as aventuras e desventuras das identidades checas, eslovacas, moravas, ou outras, conforme as nacionalidades dos presentes.

4. Existem naturezas lusófonas? Se falamos de identidades e dos modos de ser checo, português, brasileiro, invariavelmente temos de acrescentar o corpo à cultura. Para isso, exploramos algumas antropologias lusófonas, como a de António Damásio no campo da neurobiologia, a da natureza indígena brasileira, ou a do mundo dos espíritos em terras africanas. Isso para chegarmos a uma visão mais abrangente dos fenómenos humanos, da natureza e da cultura, que nos ajude a fazer a antropologia da língua portuguesa.

5. Como se afectam os lusófonos? Procurando uma abordagem mais fluída e afectiva da cultura, rumaremos a Oriente, explorando os paraísos e tormentos que ajudaram a criar as relações lusófonas em Macau, Goa e Timor. Compararemos com o triângulo transatlântico e os seus tropicalismos, depois com a construção do exotismo em terras da Boémia e na República Checa atual. Veremos como os desejos e receios presentes influenciam as relações sociais e adquirem expressão nas ideias, nas práticas culturais e nas identidades.

6. Onde estão os lusófonos? Desde que as descobertas inauguraram a globalização, os falantes de português não mais deixaram de se mover. Para seguir o rasto das suas expressões culturais, não podemos observá-las em repouso, mas temos de vê-las em fluxo. Conversaremos sobre as migrações passadas e actuais entre Brasil, Portugal, África, República Checa. Mediremos os limites das abordagens multiculturalistas. Procuraremos alternativas para explicar as convivências e dificuldades que se criam nesses contextos migratórios.

7. E os lusófonos não nativos? Têm a palavra os participantes, explorando as suas relações com a língua portuguesa. Falemos da construção pessoal e coletiva da lusofonia. E, em jeito de despedida, do quinto império, do Bandarra a Agostinho da Silva, das possibilidades da convivência humana e da felicidade.