As circunstâncias em que uma pessoa vive e trabalha refletem-se em como ele ou ela fala, como se expressa. A descrição do ambiente nem sempre coincide com o padrão lingüístico e os recursos formais de fala e, neste caso, o falante pode inclinar para utilização de gírias.
Wittgenstein (1922) argumenta que a frase representa a imagem da realidade, que representa várias situações bem concretas e que o falante percebe o significado desta sem tê-lo tido explicado antes. Porém, podemos dizer com certeza que gíria está, em alguns aspetos, para além desta afirmação; sem o conhecimento dela não se pode decifrar o significado.
A relação mundo-linguagem, no nosso caso mais especificamente mundo-frase ou até palavra é, em muitos aspetos, muito mais complicada e compõe-se de uns mecanismos que queremos examinar. A comunicação proposta continua a estudar a gíria portuguesa, mas desta vez a partir da perspectiva das teorias pragmáticas do Paul Grice (1975, 1989) e Stephen Levinson (2000).
Na introdução teórica vamos analisar a possibilidade de aplicar os máximos conversacionais, princípios de cooperação, o significado default, a presunção de significado no que diz respeito aos processos de formação de gíria e calão. Em continuação transferimos esta abordagem teórica para o ambiente do corpus lingüístico, onde vamos discutir a questão da frequência de utilização e tradução das palavras para o checo.